segunda-feira, 30 de julho de 2018

Entrevista com Maria Alice Rezende

“Não há propriamente uma partidarização do Judiciário e sim a ocupação de um vazio deixado pela fraqueza do sistema político no encaminhamento de soluções para a crise política e social do país”, diz Maria Alice Rezende

Por Germano Martiniano
Nesta segunda-feira (30) será lançado, no Rio de Janeiro, o livro “Diálogos gramscianos sobre o Brasil atual”, de Luiz Werneck Vianna, que é uma coletânea de entrevistas realizadas com o sociólogo desde o inicio do governo Lula, em 2003, até os dias atuais. O prefácio da obra ficou a cargo da também socióloga Maria Alice Rezende, a entrevistada deste deste domingo da série FAP Entrevista, que a Fundação Astrojildo Pereira está publicando, aos domingos, com intelectuais e personalidades políticas de todo o Brasil, tem o objetivo de ampliar o debate em torno do principal tema deste ano: as eleições.
Licenciada em História pela PUC do Rio de Janeiro (1975), Mestre em História Social pela UNICAMP (1983) e Doutora em Sociologia pelo IUPERJ, Maria Alice escreveu, em conjunto com Werneck Vianna, há vinte anos, o livro “Corpo e alma da magistratura brasileira”. Questionada na entrevista à FAP sobre o atual momento do judiciário brasileiro, ela foi enfática: “Não há propriamente uma partidarização do Judiciário e sim a ocupação de um vazio deixado pela fraqueza do sistema político”.

segunda-feira, 23 de julho de 2018

Entrevista com Naura Schneider

Atriz e produtora de cinema, Naura Schneider avalia que, para haver uma sociedade mais igulatária em relação ao gênero, é necessário um processo educacional permanente que enfrente a questão
Por Germano Martiniano

Atualmente a violência contra as mulheres no Brasil está presente em todas as classes sociais e regiões brasileiras, não se restringindo apenas a agressão física, mas também ao assédio, pornografia, desigualdade de salários e funções, entre outros tipos.  Recém-nomeada diretora da Secretaria de Políticas para Mulheres do Ministério dos Direitos Humanos, a atriz e produtora de cinema Naura Shneider trata desses temas na entrevista da semana da FAP Entrevista, série que a Fundação Astrojildo Pereira está publicando, aos domingos, com intelectuais e personalidades políticas de todo o Brasil, tem o objetivo de ampliar o debate em torno do principal tema deste ano: as eleições.
Formada em jornalismo, Naura atuou por muito tempo como atriz da TV Globo, onde fez novelas de sucesso como O Clone (2002), Mulheres Apaixonadas (2003) e Senhora do Destino (2004). No cinema, seu último trabalho foi no longa Vidas Partidas (2016), mas já havia produzido os documentários Flores de Pilão e Silêncio das Inocentes. Todos estes trabalhos abordaram a questão da violência contra a mulher e do empoderamento feminino.
Para a atriz, a melhor forma de se combater este tipo de violência e alcançar uma sociedade mais igualitária na questão de gênero é por meio da educação. “A Educação é fundamental para uma solução consistente e permanente”, acredita Naura.

segunda-feira, 2 de julho de 2018

Entrevista com Renan Ferreirinha

Formado em Harvard, Renan Ferreirinha é co-fundador do movimento suprapartidário Acredito e luta para que a educação seja pauta prioritária no país

Por Germano Martiniano
Único jovem a integrar a roda de debates durante o Ato do Polo Democrático e Reformista, manifesto promovido pela Roda Democrática com o intuito de fortalecer o centro democrático brasileiro contra candidaturas extremistas, realizado na última quinta-feira (28/06), em São Paulo, Renan Ferreirinha destacou a importância da juventude no processo político do país. Co-fundador e líder nacional do Movimento Acredito e do Mapa-Educação, ele chamou atenção do público presente com um discurso firme e transparente.
Natural de São Gonçalo (RJ), filho de professora e ex-aluno do Colégio Militar do Rio de Janeiro, Ferreirinha formou-se recentemente em Economia e Ciências Políticas na Universidade de Harvard, onde foi presidente da Associação Brasileira (HUBA) e membro fundador da Brazil Conference. Em 2016 trancou a faculdade e passou um tempo no Brasil para se dedicar ao Mapa Educação, manifesto criado em 2014, que objetiva tornar a educação pauta prioritária no país.
Nesta entrevista ao portal da Fundação Astrojildo Pereira (FAP) na série FAP Entrevista, além da questão educativa, Renan Ferreirinha também falou sobre os movimentos suprapartidários que estão surgindo no país e da participação do jovem na política, tal como destacou durante o Ato promovido pela Roda Democrática em São Paulo. “Mais do que falta de interesse dos jovens com a política é a falta de espaço, a falta de canais para se manifestarem. A provocação que faço é para as estruturas tradicionais abrirem mais espaço para os jovens terem voz, eles necessitam apenas serem escutados”, disse.
Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista:
FAP Entrevista: Renan, o que é o Movimento Acredito? O que ele defende e quais as pretensões?
Renan Ferreirinha – O Movimento Acredito é um movimento de renovação política suprapartidária nacional que defende uma renovação de princípios, práticas e pessoas. Queremos trazer uma nova geração para o poder legislativo, que atue por um país mais justo, desenvolvido e eficiente com dignidade e igualdade de oportunidades.
Como co-fundador do movimento, como foi esta sua inserção no campo político?
Eu sou um dos cinco co-fundadores e liderança regional do Movimento no Rio de Janeiro. Já atuo com políticas públicas há um bom tempo através da educação. Também criamos um outro movimento chamado Mapa Educação, que objetiva que a educação seja pauta prioritária no país e que todos brasileiros e brasileiras tenham acesso a uma educação de qualidade. Atuamos em diversas esferas, inclusive pressionando os políticos com suas promessas eleitorais para educação. Desta forma, estamos sempre em Brasília dentro das comissões de educação da câmara e do senado.
Você foi estudante em Harvard, chegou a terminar os estudos por lá ou voltou para criar o Mapa Educação?
Sim, terminei meus estudos em dezembro de 2017, em Harvard, onde fiz Economia e Ciências Políticas. Durante a faculdade cheguei a trancar o curso para trabalhar no Mapa Educação em 2016 no Brasil, mas depois retornei aos EUA para finalizar a graduação. Em relação ao Mapa Educação, foi um movimento criado em 2014 a partir do manifesto Mapa do Buraco, que elencava os principais “gargalos” e buracos da educação brasileira e apontou alguns casos de sucesso como Sobral, no Ceará e Foz do Iguaçu, no Paraná. Depois, tivemos bastante repercussão nas eleições de 2014 e criamos o movimento Mapa Educação para permitir que novas iniciativas como essa pudessem existir. Portanto, nosso papel é fiscalizador na área educativa e de empoderamento do jovem líder em educação, que faz projetos em nível local de bastante impacto, através de workshops, conferências e redes de apoio.
Estão surgindo vários movimentos não partidários no Brasil até em decorrência de um sentimento de repúdio à política. Como você analisa essa situação?
Tudo isso ainda é reflexo das manifestações de 2013. Neste ano, tivemos um “boom” de engajamento cívico no país através daquela “primavera brasileira”, em junho. No entanto, as ideias das pessoas estavam muito dispersas, não estavam sendo canalizadas. Depois disso, acabaram surgindo alguns movimentos e, recentemente, acredito que tenham surgido movimentos mais convergentes que não estão nos extremos. Infelizmente, tivemos e ainda temos movimentos mais extremistas, seja do lado A ou B, que não contribuem para um debate saudável e apenas aumentam a polarização desnecessária no país. Mas, a partir do momento que surgem movimentos como o Acredito, Agora e outras iniciativas políticas, se tem uma maior qualificação do debate, uma busca de projeto de país que seja mais interessante a todos. Então, acredito que estamos num momento de transição, no qual os partidos políticos têm sentido este repúdio à política e precisam mudar esta realidade, pois toda democracia forte perpassa por partidos políticos fortes.
Você participou na última quinta-feira do Ato do Polo Democrático e Reformista em SP e na mesa de debate você era o único jovem. O que acontece? Falta interesse pela política ou não se abre espaço para a juventude se apresentar?
Mais do que falta de interesse é a falta de espaço, falta de canais para o jovem se manifestar. A provocação que faço é para as estruturas tradicionais abrirem mais espaço para os jovens terem voz. Eles necessitam apenas serem escutados. O espaço foi muito importante, porém ainda muito reduzido. Precisamos ter mais jovens. Existem, assim como eu, diversos outros jovens, de vários cantos do país, atuando e lutando pelo protagonismo social. Temos que acreditar na juventude!
Daqui a alguns meses os brasileiros irão escolher seu novo presidente. Qual sua avaliação dos pré-candidatos à presidência?
É triste ver que as pré-candidaturas não possuem ainda um projeto de país claro. Muita coisa ainda vai acontecer até 07 de outubro, mas não teremos um nome outsider (e não estou emitindo juízo de valor quanto a isso), mas serão praticamente estes nomes e acredito que temos que ir além dos extremos. Tenho bastante preocupação com o extremo fascista e o populismo, independentemente, da ideologia. Temos que rechaçar sempre o populismo.
O Movimento Acredito irá apoiar alguma candidatura?
O Movimento Acredito não apoiará nenhuma candidatura no Executivo, nem a presidente e nem a governadores. Apenas apoiaremos candidaturas ao Legislativo. Nós temos um processo de prévias, de líderes cívicos que virão como candidatos a deputado estadual e federal e, provavelmente, teremos um piloto ao senado em Sergipe. Então, apoiaremos, aproximadamente, trinta candidaturas ao redor do país, porém só para o poder legislativo.
Quais as plataformas políticas o Movimento Acredito espera de um candidato?
Nossos cinco temas prioritários são: reforma política, acreditamos em um modelo distrital misto; educação; inovação e empreendedorismo; reforma da previdência e segurança pública.
E quais são as suas pretensões políticas?
Como líder do Acredito e do Mapa Educação, pensamos coletivamente que em um futuro bem próximo possa ser interessante concorrer a algum cargo eletivo. Entretanto, essa decisão deve ser coletiva. Vamos aguardar os próximos capítulos.

Amanhã tem Brasil na Copa, está confiante? O Hexa vem?
Estou extremamente confiante e o Hexa vem. Cansei de ser penta e segue abaixo o link de um artigo meu para o Estadão, no qual eu falo como o título pode nos ajudar a renovar o país!