sexta-feira, 31 de março de 2017

José Pastore:Terceirização e desinformação

É hora de afastar ideologias e também as falsidades pregadas pelos vendedores de mentiras

Tenho visto nas redes sociais artistas e outros formadores de opinião dizendo que a nova lei da terceirização vai eliminar o 13.º salário, as férias, o seguro-desemprego, as verbas rescisórias, a licença à gestante e vários outros direitos assegurados pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).



Isso é mentira. Os que leram o texto sabem que, além de manter todos os direitos atuais, a nova lei estende aos trabalhadores terceirizados proteções importantes tais como a obrigatoriedade de a empresa contratante assegurar as condições de segurança, higiene e salubridade dos empregados da contratada e prover a eles os serviços de atendimento médico, ambulatorial e de refeição existentes nas suas dependências.

Vi, também, nas redes sociais que a nova lei deixa de proteger os trabalhadores pelo fato de a empresa contratante ser responsável subsidiariamente pelos direitos trabalhistas e previdenciários dos empregados da empresa contratada. Foi importante manter essa regra (que está na Súmula 331 do Tribunal Superior do Trabalho), pois a responsabilidade subsidiária tem grande alcance social: ela garante uma dupla proteção aos trabalhadores ao tornar contratante e contratada como corresponsáveis pelo cumprimento das leis trabalhistas durante a execução do contrato. A terceirização é uma relação de parceria e, como tal, deve incluir obrigações para os dois lados. Aliás, nas ações judiciais dos dias atuais, os juízes costumam intimar contratante e contratada para responderem pelo que é devido ao reclamante.

Os que veiculam essas falsas informações prestam um abominável desserviço à população. Ao distorcerem os fatos, eles levam as pessoas a acreditar no que não existe.

A desinformação é disseminada também com apoio em sofismas ardilosos. Um deles diz que os empregados das empresas contratadas ganham 30% menos do que os empregados das contratantes. Isso é falso. As pesquisas sérias mostram que, quando se comparam empregados na mesma profissão, as diferenças salariais são irrisórias e, muitas vezes, invertidas: os empregados das contratadas ganham mais que os das contratantes, como é o caso de vigilantes, seguranças e pessoal de limpeza (ver estudos de Hélio Zylberstajn, da USP, e Roberto Ellery, da FGV).

Outro sofisma malicioso sugere que empregados terceirizados sofrem mais acidentes do que os permanentes, desconsiderando que isso decorre do fato de os primeiros trabalharem em atividades mais perigosas. Não se podem comparar, por exemplo, as atividades dos funcionários da administração com as dos trabalhadores que reparam as linhas de força nas empresas de eletricidade. O diferencial de acidentes decorre da diferença das atividades, e não da terceirização.

Enfim, a lei foi votada na Câmara e no Senado. É hora de afastar as ideologias dos dois lados. Iludem-se os que veem na nova lei o potencial para gerar uma imensidão de empregos. Nenhuma lei tem essa força. Se isso fosse possível, não existiria desemprego no mundo. Empregos dependem de investimentos e de crescimento econômico. Chegou a hora, também, de afastar as falsidades pregadas pelos vendedores de mentiras.

Estou acompanhando com muita atenção o projeto de lei encaminhado ao Parlamento da Alemanha pela primeira-ministra Ângela Merkel que pretende responsabilizar os veículos das redes sociais pela veracidade das informações divulgadas. Pesadas multas serão aplicadas aos órgãos que veicularem mentiras que desorientam o público. Respeito e defendo a liberdade de expressão da mesma forma que respeito e defendo o direito de ser bem informado.

*Professor da USP, presidente do Conselho de Emprego e Relações do Trabalho da Fecomércio-SP, é membro da Academia Paulista de Letras

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Fonte: O Estado de São Paulo

terça-feira, 28 de março de 2017

A reinvenção do trabalho | Hélio Schwartsman

O projeto de lei de terceirização que foi aprovado não é o meu favorito, mas é importante que o Brasil desregulamente um pouco mais as relações de trabalho.



Gostamos de pensar salário mínimo, barreiras legais à terceirização e vários outros dispositivos da CLT como proteções aos mais fracos. Num certo sentido, eles são mesmo. Alguns trabalhadores de fato têm seus rendimentos melhorados por essa legislação. Mas há outros efeitos menos salientes, como estímulo à informalidade, desemprego entre jovens ou pessoas com menos escolaridade, perda de produtividade. Achar a dose ideal de regulamentação, que proteja o trabalhador sem provocar muitos efeitos adversos que afetam mais os mais desvalidos, não é trivial.

No caso específico da terceirização, o problema é ainda mais complicado, porque diz respeito a mudanças no modo de produzir que ocorrem em escala global. Se há algo que fez a humanidade passar do estado de miséria permanente em que viveu a maior parte de sua existência para a era de prosperidade em que nos encontramos é a especialização do trabalho. É ela que permite que ofereçamos mercadorias e serviços com eficiência. Se cada um de nós tivesse de produzir sozinho o próprio jantar, ainda estaríamos todos arando a terra e cuidando de galinhas, o que significa dizer que não haveria cidades, ciência, tecnologia, artes etc.

O capitalismo nunca deixa de apostar em mais especialização. A terceirização é mais uma etapa dessa tendência. Cada vez mais as empresas atuarão não como unidades autônomas de produção, mas como agenciadoras de profissionais, muitos deles autônomos, que usam peças feitas por vários outros fabricantes.

É um processo meio selvagem, que deixa mortos e feridos pelo caminho, mas que é irrefreável. Até dá para tentar suavizá-lo, mas opor-se a ele lembra um pouco os inúteis esforços dos luditas de quebrar máquinas para preservar empregos.

segunda-feira, 27 de março de 2017

O efeito Lolla, o jogo de palavras que deu certo. Lula vem aí!

Neste último final de semana aconteceu em São Paulo o tradicional evento musical Lollapalooza, que reúne grandes bandas de rock nacional e internacional. O evento é também reconhecido pelo seu público jovem, classe média e classe média alta, uma vez que, os preços dos ingressos beiram o salário mínimo. Além dos shows se pôde ver parte da plateia aproveitar o espaço para manifestações políticas ao gritarem “OLÊ OLÊ OLÁ LULA LULA”. Gritaram Lula no Lolla, parece que o jogo de palavras deu certo.



Este texto não pretende dizer que os jovens não deveriam fazer atos políticos em festivais. Pelo contrário, estes eventos com grande aglomerado de pessoas é uma perfeita oportunidade para se militar, isso se chama democracia. O problema não é a militância, mas para quem se milita! Jovens de classe média alta, que por essa razão, deveriam ser bem instruídos, defenderem a volta de um político envolvido em inúmeros casos de corrupção. Mas porque Lula ainda tem força?

Primeiro, chegamos a uma situação tão deplorável em termos éticos na política, que Lula e o PT são apenas parte do “rolo” todo, e isso acaba por amenizar a imagem ruim do ex-presidente. Segundo, a falta de opções na renovação política é tão absurda, que os velhos caciques ainda são as apostas da sociedade. Terceiro, o PT, com toda decaída que sofreu, ainda consegue respirar, por saberem fazer grande e maciça oposição e serem mestres na área do marketing.

Se existe algo que devemos admirar no PT é esta capacidade de fazer oposição e ainda fazer o fazer o marketing próprio. Foi assim na época do FHC, criticando o plano real, mas depois usufruindo da estabilização econômica para realizar os planos sociais que objetivava. Agora com o Temer, se valem das reformas econômicas necessárias, ainda que muitos pontos devam ser discutidos em todas elas, para dizerem que o governo Temer está dizimando os direitos sociais. Uma tremenda “lorota” comprada por muitos, e dentre esses muitos, grande parte do público do Lollapalooza.

O marketing petista se baseia na velha retórica maniqueísta do “nós” contra “eles”. Há muito tempo eles entranharam na sociedade a ideia de que sem eles não há políticas públicas para os mais pobres e, muito menos, para as minorias. Em outras palavras, o PT instrumentaliza o pensamento de esquerda. Em relação aos fatos, pode-se até dizer que o governo petista olhou para os mais necessitados, no entanto, o governo para as “partes” se esqueceu do macro, e deixou a economia, que é a base de todas reformas sociais, ir por água abaixo.

O que estes jovens, sustentados pelo pensamento de esquerda ultrapassado dentro das universidades, não percebem é que acima do discurso “cool” petista existe a necessidade do compromisso econômico, ético e democrático. O PT se esqueceu das conquistas econômicas do país, e a Lava-Jato vem provar que o PT, assim como outros, também desprezou a ética e a democracia no país!

O PMDB e seus membros também citados na Lava-Jato mostram o quanto nosso país está infestado pela corrupção. Mas há que se relevar que Temer está tendo coragem de tentar reformar que, à primeira vista, são impopulares. Muitos intelectuais alegam que falta ao PT a autocritica. Sem dúvida este é um fato negado por detrás da prepotência inerente a Lula e aos “lulistas”. Mas há também a autocritica que nenhum partido brasileiro parece fazer: reconhecer que o PT sabe fazer política, consegue se ramificar dentro das universidades e sabe enaltecer seus atos como ninguém. Temer, por exemplo, não sabe dialogar com a sociedade, não sabe fazer o marketing próprio e seus discursos conservadores degradam sua imagem!


Diante deste cenário apresentado, que bem ou mal é essencial a política, o PT que foi duramente derrotado nas últimas eleições ainda respira, e Lula surge como alternativa em relação ao impopular governo Temer nas próximas eleições. Jovens em um evento de elite gritaram OLÊ OLÊ OLÁ LULA LULA”. Os gritos parecem ingênuos, mas enquanto os outros partidos não aprenderem fazer política como o PT, a tendência é que estes gritos cresçam e desperte a “jararaca” que estava enfraquecida! 

segunda-feira, 20 de março de 2017

Nas entrelinhas: Esquinas do Brasil

Não há como retomar o crescimento com inflação controlada e justiça social sem enfrentar os problemas do gasto público e da Previdência
Cidade parque, conceito adotado por Lúcio Costa, cujo projeto urbanístico completou 60 anos, Brasília não tem esquinas, queixam-se os forasteiros que chegam por aqui. Em compensação, na Praça dos Três Poderes, não faltam encruzilhadas em relação ao futuro do país. Tem a esquina da Operação Lava-Jato (anistia ou não para o caixa dois eleitoral), da reforma política (voto uninominal ou voto em lista), do julgamento da chapa Dilma Rousseff- Michel Temer (separa ou não separa as contas de campanha), das reformas da Previdência e trabalhista (faz agora ou deixa pra depois) e da taxa juros (reduz devagar ou acelera), só para citar as mais próximas.

Todas estão associadas a escolhas estratégicas dos governantes, tanto àquelas que já foram feitas ou quanto às que foram empurradas com a barriga. No primeiro caso, por exemplo, estão o caixa dois eleitoral, o julgamento das contas de campanha e a redução da taxa de juros; no segundo, as reformas política, trabalhista e da Previdência. Escolhas sempre representam perdas, porque é preciso abrir mão de alguma coisa para obter algo em troca. A escolha errada é resultado da relação custo-benefício. O país está pagando alto preço pelas escolhas feitas pelos governos Lula e Dilma. Muitos dirão que nossos problemas são seculares; por que, então, culpam o governo Temer? Realmente, há muitas maneiras de olhar o passado.
Um diagnóstico preciso ajuda a acertar nas decisões estratégicas. Via de regra, porém, nas situações novas, a intuição, o bom senso e as soluções criativas colhem resultados melhores do que se imagina, mesmo com diagnóstico precário. Os economistas brasileiros estão se digladiando nos diagnósticos, em busca de soluções para velhos problemas. O ex-ministro da Fazenda Pedro Malan, por exemplo, avalia que o Brasil não tem como retomar o crescimento com inflação controlada e justiça social sem enfrentar os problemas da contenção do gasto público e da Previdência.
Segundo ele, o país passou por três grandes transformações que pressionam os gastos públicos. A primeira foi a urbanização acelerada (inchaço das cidades) e a mudança de perfil demográfico (redução da taxa de natalidade e aumento da longevidade); a segunda, a carência de infraestrutura física (transporte, energia, portos, saneamento); a terceira, a falta de “infraestrutura humana” (educação, saúde, segurança) e a desigualdade (distribuição de renda e de oportunidades). Governos democráticos (de 1946-1964 e de 1985 ao presente) ou centralizadores e autoritários (de 1937-1945 e 1964-1985) foram contingenciados por essas transformações.
O Brasil é a terceira maior democracia de massas do mundo, após a Índia e os EUA; o quinto país em população e extensão territorial; e o terceiro em aumento da população urbana. Destaca Malan: “Enquanto nossa população total aumentou cerca de quatro vezes entre 1950 e 2017 (de 51,9 milhões para 207,6 milhões estimados), a nossa população urbana passou de 36% do total em 1950, para cerca de 86% em 2017 (isto é, de 18,7 milhões para 178 milhões, um aumento de 9,5 vezes). Nem nos EUA o aumento absoluto da população urbana no período chegou aos nossos 160 milhões no período. Nem as populações urbanas da China e da Índia no período se multiplicaram 9,5 vezes.”
Velhice
Em contrapartida, no espaço de uma geração, a taxa de natalidade caiu abruptamente e a expectativa de vida aumentou: “De taxas de crescimento que chegaram a superar os 3% ao ano nos anos 50 e 60 (média de 2,8% ao ano entre 1950 e 1980) passamos hoje, em 2017, a uma taxa de crescimento populacional da ordem de 0,77% e declinará para menos de 0,4% na segunda metade da próxima década”. Com 207,6 milhões de habitantes, o Brasil chegará aos 218 milhões por volta de 2025, alcançará seu ponto máximo de pouco mais de 228 milhões no início dos anos 2040 e começará a declinar, voltando aos 218 milhões em 2060. A partir de 2050, só a faixa etária dos 60 anos de idade ou mais crescerá.

Malan faz projeções: A expectativa de vida ao nascer de um brasileiro em meados na década dos 1940 era da ordem de 45 anos. Hoje, ao nascer, é de mais de 75 anos (79 para mulheres e 72 para homens). Mas para quem chega aos 55 anos (próximo da idade média de quem se aposenta por tempo de contribuição), a expectativa de vida é de 81 anos, ou seja, 26 anos a mais. Para quem chega aos 65 anos, a expectativa é de 82 anos para homens e 85 para mulheres. Hoje, os idosos são 12 entre cada 100 trabalhadores. Na próxima década, 18 para cada 100; em 2050, serão 30% da população. Em 2060, os idosos representarão cerca de 45% do total. Quem serão? Os que hoje têm mais de 12 anos, se considerarmos a idade mínima para aposentadoria proposta pela reforma de Previdência. Esse é apenas um dos grandes problemas estruturais do país, que envelheceu sem enriquecer.
Malan é um economista, digamos, social liberal. É acusado de ser neoliberal por economistas que se consideram herdeiros de Celso Furtado e Inácio Rangel, que viam a inflação com certa benevolência, como Bresser Pereira, e querem forçar a retomada do crescimento a taxas elevadas. Essa foi a lógica do Plano Cruzado, no governo Sarney. A revista The Economist mostra o Brasil na capa de sua última edição como um dos balões que sobem na economia mundial em recuperação, ao lado dos Estados Unidos, União Europeia, China, Reino Unido, Japão e Índia. “Mesmo em lugares afeitos à recessão (nosso caso), o pior já passou”, avalia. Tem gente que acha pouco.
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Luiz Carlos Azedo é jornalista do Correio Brasiliense 
Fonte: http://blogs.correiobraziliense.com.br/azedo/nas-entrelinhas-esquinas-do-brasil/

domingo, 19 de março de 2017

Afinal, que Brasil é esse que vivemos?

Mediante todo esse quadro de corrupção, Lava-Jato, e tudo mais que já sabemos sobre nossos governantes, a indignação da maioria dos brasileiros é crescente, assim como o desejo por punições a todos os políticos envolvidos em falcatruas. Porém, na contramão desta indignação existem aqueles que vivem para defender políticos e partidos. É o caso, principalmente, dos petistas. Como é possível ver pessoas defendendo o Lula mesmo com ele envolvido em tantos casos de corrupção? Um amigo meu do Partido dos Trabalhadores me questionou "cadê as provas?". Por mais que elas já estejam escancaradas, este amigo não quer ver, não quer acreditar e prefere replicar "outros também estão envolvidos". Ainda que o Lula pudesse ser inocente, somente pelo fato de estar sendo acusado em "milhares" de processos já era motivo, para nós brasileiros, não o querermos novamente. Agora, além da proteção a Lula, petistas o idolatram, e o seu nome surge forte novamente para 2018. Afinal, que Brasil é esse que vivemos?



Essa pergunta não sai da minha cabeça há tempos. Que o certo e errado são muito relativos e que devemos respeitar as diferenças nos parece senso comum. Mas até que ponto o certo e o errado são relativos? Vemos vários partidos envolvidos em corrupção, no entanto, para a o PT e sua militância não existiram erros, não existe corrupção no partido, e se acaso existiu foi para um bem maior! O PT não tem autocritica, e vejo que o partido leva a discussão da corrupção para o campo do vale-tudo desde que existam "belas pretensões", que neste caso é a manutenção de poder e uma proposta ortodoxa de esquerda para o país. 

Todo país necessita de leis para se ter um rumo a seguir. Para o PT e petistas essas leis devem ser para e em função deles. Ou seja, essa gente desmoraliza todos os preceitos morais que regem a nação. Somado a isso, possuem a presunção dos monarcas medievais, são extremamente irônicos e, muitas vezes, depredadores. Outros partidos também roubam e também querem se defender assim como o PT, mas não vejo em nenhum deles a presunção de achar estão acima de tudo e todos. Não vejo nenhum deles instauram o ódio em uma nação como o PT faz. Não vejo nenhum deles desafiar e desrespeitar a nação como é possível ver no PT, e principalmente, através da figura do Lula. 

Toda nação é regida por contratos sociais, que claramente não são perfeitos e por essa razão desfavorecem muita gente. Se o PT não concorda com nossa constituição, com nosso sistema de votos, com os acordos financeiros etc., que lute pelas vias democráticas, porém ninguém possui projeto de poder que seja a verdade universal. Esta é razão pela qual o PT passa por cima de tudo, eles pensam que o projeto deles de nação, baseado naquilo que vemos em Cubas e Venezuelas da vida está acima de qualquer tipo de governança.

O brasileiro precisa se unir, mais do que nunca, neste momento para definirmos nossas pretensões de nação. O que queremos? Não podemos cair no discurso barato que governantes como Lula fazem, não podemos cair nesse relativismo moral imposto pelos petistas. O certo e o errado precisam estar muito bem definidos para sermos uma nação mais justa e democrática. E o primeiro passo é punir a todos, sem distinção, que não respeitaram e que não respeitam os princípios éticos desta nação!

Quanto ao dissenso, viver na democracia não é fácil e não há nenhuma solução para isso, por mais desconcertante que seja a opinião do outro, o respeito a diferença é o único caminho. Contudo, toda e qualquer proposta governamental precisa passar pelo crivo democrático, e a democracia só pode ser melhorada através da educação, que permita a pessoa discernir entre os caminhos a serem escolhidos! 

sábado, 18 de março de 2017

José Álvaro Moisés: Qual reforma política?

Eleitores precisam se envolver e acompanhar as mudanças, sob pena de serem enganados


O sistema político brasileiro precisa ser urgentemente reformado. O modelo de financiamento de campanhas eleitorais vigente até há pouco, baseado principalmente na participação de empresas privadas, alimentou a corrupção, degradou o sistema e desequilibrou a competição eleitoral. Agora, sob o impacto das revelações da Operação Lava Jato, a urgência se reatualizou, pois o modelo de financiamento não está resolvido. Mas o momento é adequado para a reforma? Ela não será feita sob a égide do instinto de autodefesa dos citados em delações da Odebrecht e outras empresas que corromperam a Petrobrás?

O risco é evidente. As recentes articulações do presidente Michel Temer com o ministro Gilmar Mendes, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e os presidentes Eunício Oliveira, do Senado, e Rodrigo Maia, da Câmara dos Deputados – os últimos dois incluídos nas delações –, iniciadas por ocasião do envio da segunda lista do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal (STF), suscitaram dúvidas extremamente preocupantes. Os Poderes da República precisam, sem dúvida, interagir e se entender para tirar o País da crise. Mas sobre isso, por que esses atores não agiram antes? Por que deixaram sem resposta os clamores da sociedade, que, desde 2013, sinalizou a sua insatisfação, se não com a democracia, com os governos do dia e com o funcionamento das instituições de representação?

O problema é que não existe um momento ideal para a reforma ser feita. Sempre haverá forças políticas a querer influenciá-la em defesa de seus interesses. E o argumento de suposta ilegitimidade do governo e do Congresso para enfrentar a questão é pueril, além de ser conceitualmente equivocado. O presidente Michel Temer e a maioria dos membros do Parlamento são impopulares, mas não é isso que define a sua legitimidade institucional, pois eles foram conduzidos às suas funções atuais pelo voto popular. Aliás, é por isso que no caso do processo de abuso de poder nas eleições de 2014, em exame pelo TSE, Temer é citado ao lado da ex-presidente Dilma Rousseff, e não em separado, pois ambos foram eleitos pelos mesmos eleitores numa chapa comum.

No caso da reforma, o que importa saber é do que se trata, ou seja, qual é a sua natureza. É isso que define sua pertinência. Nesse sentido, algumas questões são mais importantes do que outras: em primeiro lugar, é preciso ter claro que manter a proibição da influência do poder econômico nas eleições é fundamental. Como decidiu a maioria do STF em 2015, empresas não são cidadãos e não devem ter o direito de influir em eleições. Mas a alternativa do financiamento público precisa ser examinada com cuidado. A proposta que galvaniza o apoio dos políticos, no momento, é a que mudaria o sistema de representação proporcional com lista aberta para o de lista fechada. Isso pode ser positivo se vier a facilitar o fortalecimento dos partidos e a devida apresentação de seu perfil programático aos eleitores, cuja escolha, a exemplo do que ocorre em outras democracias, se tornaria mais qualitativa.

Mas, formulada para defender os políticos da Lava Jato, pode acabar fraudando a reforma. Isso por duas razões: primeiro, porque as decisões partidárias são tomadas, na maioria dos casos, de modo autocrático, sem garantir a liberdade de escolha de alternativas fora do desejo de suas oligarquias; e, segundo, porque a ideia de lista preordenada, destinada a reservar lugar prioritário aos atuais parlamentares – muitos dos quais querem manter o foro privilegiado para melhor se defenderem de suas acusações –, é anticonstitucional, pois quebra a isonomia com que os membros dos partidos podem disputar seu direito de se candidatar a cargos públicos.

Afora isso, é preciso ter em conta que ao lado dos problemas de financiamento de campanhas há outras distorções que comprometem o desempenho das instituições de representação. É o caso, em especial, do sistema de coligações eleitorais, cujos resultados tornam a escolha dos eleitores muitas vezes oposta à sua vontade original. Por outro lado, o fato de o voto de eleitores de alguns Estados valer mais que o de outros – por causa dos tetos de representação – agrava ainda mais a distância entre representados e representantes. A isso se somam características do voto em lista aberta, que, além de estimular a competição de candidatos do mesmo partido, enfraquece o sistema partidário em seu conjunto. Essas questões têm de estar na agenda da reforma.

Por último, duas questões importantes que também precisam ser examinadas pelo Congresso. Por uma parte, o debate atual não está dando atenção à necessidade imprescindível de limitar os gastos das campanhas. Não faz nenhum sentido que um país como o Brasil gaste as somas astronômicas registradas nas eleições majoritárias de 2014. Por outro lado, a reforma do sistema eleitoral precisa estar conectada com a necessidade de se resolver a fragmentação partidária atual, cujos efeitos dificultam a governabilidade. Para isso o Congresso tem de reexaminar as propostas de cláusula de barreira, ou de representação, para os partidos políticos. Isso levaria a que o sistema partidário brasileiro se consolidasse num patamar mais razoável, longe dos mais de 30 partidos de hoje.

Sem essas mudanças a reforma poderá ampliar a frustração e a crítica dos cidadãos ao sistema político. É certo que a democracia não está em questão no Brasil, mais de dois terços de entrevistados de pesquisas de opinião a defendem; o que está em questão é a sua qualidade e para enfrentar isso a reforma do sistema político é imprescindível. Mas, em vez de deixar para os políticos sozinhos a tarefa, os eleitores e a opinião pública precisam se envolver e acompanhar em que direção a reforma está sendo conduzida, sob pena de serem enganados.
* JOSÉ ÁLVARO MOISÉS É PROFESSOR DE CIÊNCIA POLÍTICA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Fonte:http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,qual-reforma-politica,70001704709

quinta-feira, 16 de março de 2017

Brasil, o país da vergonha alheia!

Aqui não há certo, não há errado: existe sua verdade. O Lula com todos crimes que cometeu e que vem sendo julgado estava ontem na Av.Paulista discursando que o brasileiro está perdendo seus direitos sociais. Mais uma demagogia petista, primeiro o golpe, e agora se valendo das reformas sociais necessárias para "jogar lenha na fogueira". O pior de tudo, Lula ganha força para as eleições de 2018. E o discurso usado será: "usei o caixa 2, mas todo mundo usa". Em outras palavras: "sou bandido mesmo, mas no Brasil quem não é?". Será por isso que em nosso país pessoas ainda querem tirar foto com o goleiro Bruno? Este é o país da desfaçatez.



E por que Lula ganha força? Primeiro porque o brasileiro tem empatia com bandido; segundo porque brasileiro não tem educação, nem de berço, nem aquela da escola e das universidades. Brasileiro adora discurso barato, tanto que já estão vendo a reforma da previdência como perda de direitos. Nenhuma reforma é perfeita, existirão prejudicados, mas precisamos pensar no futuro. O país envelhece e a contribuição diminui, a conta é simples e o sistema entrará em colapso, e muita gente mal informada pagará a conta lá na frente. É fato também, só vê quem não quer, que a reforma será discutida em vários pontos!!! Enfim, é muito mais fácil para a oposição fajuta esconder isso e atacar como se a reforma fosse para aniquilar os direitos sociais! Isso não é oposição, isso é defecar no debate honesto, profundo e democrático!

Jean Wiillys, um desses radicais xiliquentos, disse que iria embora do país se Dilma sofresse o impeachment. Não foi, afinal cão que muito late não morde. Vejo, porém, que o brasileiro é o único animal racional que não aprende com os erros. Se Lula voltar a saída para muitos de nós será se retirar deste país da piada pronta, afinal passarinho que anda com morcego amanhece de cabeça para baixo!!!