domingo, 27 de agosto de 2017

CARTEL CONTRA A MOBILIDADE

O maior preço do combustível da região e um dos maiores do estado está em Franca, com forte suspeita de Cartel entre a maioria dos postos, quase R$ 4,00 na gasolina

Max Engler

A questão da mobilidade em Franca, infelizmente nunca foi levada a sério pelos governos! A cidade possui dificultadores iniciais relativos ao relevo e topografia, entretanto, as outras questões são totalmente administrativas, muito mal administradas por sinal! 



Franca está muito alongada e espraiada, com loteamentos sendo abertos sem necessidade real (autorizados pela prefeitura) cada dia mais longe do centro e com imensos vazios urbanos no meio, fato este, que encarece o transporte e a infraestrutura pois aumenta distância entre os pontos. 

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Reunião do PPS Franca define data para Congresso Municipal

De acordo com Marco Garcia, a formação do diretório do PPS/Franca visa fortalecer o partido na cidade, assim como, na região, onde o município é referência

Germano Martiniano

                                    

A assembleia congressual do PPS  de Franca será no 23 de setembro as 9:23 na Câmara Municipal de Franca e estão todos convidados a participar do evento. O dia escolhido é até em alusão ao número do partido - 23.

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Quadras de tênis do Poli Esportivo de Franca estão abandonadas

Muitos estudos já foram feitos e comprovam que os governos que investem nessas áreas (esporte, lazer e saúde) economizam em hospitais, combate a violência, combate às drogas etc

Germano Martiniano



Praticar Tênis, como muitos sabem, não é barato, tanto que o esporte é considerado de elite e por vários motivos. Primeiramente, se necessita de uma quadra, o local adequado, e o preço médio para se construir uma é 25 mil reais. Os equipamentos também não são baratos, uma raquete mediana custa 300 reais, um tubo de bolas 30 reais e o tênis adequado, em média, 150 reais! Pois bem, além de todos esses custos, o Tênis não é um esporte democrático, no máximo quatro pessoas podem jogar de uma vez, ao passo que no futebol e basquete, por exemplo, esse número é bem maior.



A solução que muitos “amantes” deste esporte encontram para praticá-lo é encontrar quadras públicas para diminuir os gastos. Em Franca/SP existem apenas duas quadras públicas, que estão no Poliesportivo. Essas quadras são de cimento, o que leva a crer que o governo deve ter gastado em média 60 mil reais para construção das duas, incluindo iluminação, alambrado, redes etc. Os números que mostro são estimativas, podendo variar de mais para menos, mas quem joga tênis sabe que não foge muito disso.



Além de termos apenas duas quadras em toda nossa Franca, o que vemos é um total desmazelo da prefeitura em relação às mesmas. Como se pode conferir nas fotos, as quadras estão rachadas, falta pintura, as redes estão destruídas, os alambrados com buracos grandes em muitos lugares e a iluminação é péssima. Fora isso, muitas vezes, foi possível ver, ainda que com avisos, jovens andando de skates e patins no local, ou até jogando futebol. Ou seja, falta manutenção e também fiscalização.



Parece que o poder público nesta situação ignora dois fatores essenciais na administração pública. Primeiro, a própria economia. Muitos falarão que o governo tem áreas mais importantes para gastar. Não é uma mentira, no entanto deixar abandonar é deixar ir para o lixo um investimento de no mínimo 60 mil já feito na construção das quadras. E tem de se levar em conta que deixar destruir o patrimônio público, posteriormente, o custo para recuperar o local, mesmo que seja para outras atividades, será bem maior.

Portanto economicamente deixar acabar não é viável. Segundo, parece que o poder público desconhece a necessidade de se investir no esporte, na saúde e no lazer para população. Muitos estudos já foram feitos e comprovam que os governos que investem nessas áreas economizam em hospitais, combate a violência, combate às drogas etc.


Parece não haver razões para tal desmazelo, até porque hoje várias saídas seriam possíveis, inclusive parcerias com o poder privado, que poderia ajudar na reforma, manutenção e fiscalização em troca de publicidade no local. Por que não? E o mesmo se pode dizer para outras modalidades que estão abandonadas em Franca. Saídas existem, precisamos de vontade e ação!!!

Fernando Gabeira: O interminável mar de lama

“Quantas toneladas/ exportamos de ferro? Quantas lágrimas/ disfarçamos sem berro?” Estes versos de Drummond contam uma longa história da mineração em Minas. Uma história que se confirmou pela anulação do processo de Mariana sobre o mar de lama que provocou 19 mortos, dezenas de lares perdidos e um rio envenenado.

O processo foi anulado porque a polícia teria lido e-mails da empresa, sem autorização. Ela só poderia ler e-mails de um período determinado. O argumento da anulação: violência contra a privacidade da Samarco.
Tenho dificuldades em entender por que a quebra da privacidade de uma empresa é superior à morte de 19 pessoas, destruição de comunidades e envenenamento do mais importante rio do litoral brasileiro.
Foi o maior desastre ambiental do Brasil. Precisa ser julgado. Se a polícia leu e-mails demais, basta neutralizar as informações não permitidas. O essencial está lá: a lama, as mortes. O desastre não é um segredinho da Samarco. É uma realidade que todos que viram sentiram e choraram.
No fim da semana, ao chegar em casa, soube que houve um saque a um caminhão de carne tombado. Para mim isso não é novidade. Vejo e filmo, constantemente, saques a caminhões nas estradas brasileiras. No entanto, este tinha um componente especial: ninguém se importou em socorrer o motorista. O saque se prolongou por quase uma hora, antes que chegassem os bombeiros e retirassem o pobre homem dos escombros.
Se junto esses fatos é para enfatizar como é grave um momento em que a vida humana perde seu valor. Um vereador do Rio chegou ao extremo de cobrar propina para liberar corpos do IML. A própria morte passa ser um objeto de negociação.
No seu livro sobre o homo sapiens, Yuval Noah Harari reflete sobre a linguagem humana. Ela não nasceu apenas da relação com as coisas, da necessidade de alertar sobre o perigo, ou mesmo do interesse das pessoas pela vida das outras, da fofoca. Uma singularidade da linguagem humana é sua capacidade de falar de coisas que não existem materialmente, de um espírito protetor, de um sentimento nacional. Esses mitos que nos mantêm unidos ampliam nossa capacidade produtiva e nossas conquistas comuns.
O que está acontecendo no Brasil é o esgarçamento dessa ideia de pertencer ao mesmo país, de partilhar uma história e um futuro.
O mito da nacionalidade é bombardeado intensamente em Brasília por um sistema político decadente. Eles voltam as costas para o povo e decidem, basicamente, aquilo que é de seu interesse pessoal.
Os laços comuns se dissolvem. Não há mais sentimento de comunidade, e daí para adiante é fácil dissolver os laços entre os próprios seres humanos.
No sentido de partilharmos aspirações comuns, já não somos mais um país. E caminhamos para uma regressão maior desprezando as possibilidades abertas pela linguagem, pelos ancestrais que a usavam para grandes conquistas coletivas.
Somos dominados por um sistema político cínico, que se alimenta, na verdade, da repulsa que nos provoca. Mais repulsa, mais indiferença, isto é, menos possibilidade de mudanças reais.
Quando visitei Israel, um motorista de ônibus, ao ver um incêndio, parou, desceu e foi apagá-lo. Muitas vezes na Europa vi gente reclamando quando se joga lixo na rua. E os próprios suíços chamando a polícia quando há barulho depois das dez da noite.
Isso não é aplicável à nossa cultura de uma forma mecânica. Eu mesmo devo fazer barulho depois das dez. Mas o que está por baixo dessas reações é a sensação de pertencer a um todo maior, de ter responsabilidades com ele.
A degradação política conseguiu enfraquecer esse sentimento no Brasil. Eles fingem encarnar um país e quem os leva a sério acaba virando as costas também para esse país repulsivo.
O resultado desse processo destruidor está aí. Reconheço que mecanismos de desumanização estão em curso em todo o mundo e que fazem parte de um processo mais amplo. Mas é uma ilusão pensar que nossas vidas são apenas um reflexo de uma época que tritura valores. Existem razões específicas, made in Brazil, que nos fazem recuar em termos civilizatórios.
A expressão “elite moralmente repugnante” foi durante muitos anos aplicada aos setores dominantes do Haiti. Ela pode ser transferida para Brasília.
A coexistência silenciosa e indiferente diante dessa realidade vai minar os próprios fundamentos da vida comum.
Os versos de Drummond não se limitam a descrever a tragédia mineral: quantas toneladas de ferro, quantas lágrimas disfarçadas?
O Brasil vai recuperar a força de sua humanidade quando se rebelar. Enquanto aceitar silencioso as afrontas que vêm de cima, a tendência é abrir mão de suas conquistas de homem sapiens e mergulhar numa noite de Neandertal.
O sinais estão aí. Adoraria estar enganado.
*  Fernando Gabeira é jornalista
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Fonte: http://www.fundacaoastrojildo.com.br/2015/2017/08/13/fernando-gabeira-o-interminavel-mar-de-lama/

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

PPS Franca visita Rifaina buscando fortalecer o partido na região

O encontro serviu para estreitar laços e conhecer a administração de Hugo Lourenço, que tem sido bastante elogiada regionalmente


Por: Germano Martiniano


                                                                  Na foto (direita para esquerda): Aggio, Fernando, Hugo, Germano e Alcides 

O PPS Franca por meio de seus dirigentes, Alberto Aggio e Germano Martiniano, esteve na cidade de Rifaina/SP para se enteirar mais sobre o eficiente trabalho que o prefeito Hugo Lourenço, também do PPS, tem realizado na cidade. “Nosso objetivo, sendo de Franca, maior cidade da região, é procurar aproximar das cidades próximas, que tenham prefeitos e vereadores do PPS, para conhecer  suas administrações no sentido de afirmar e fortalecer o PPS regionalmente”, disse Aggio.



Rifaina, além das belezas naturais que possui, represa Jaguara (Rio Grande), morros, matas e cachoeiras, também é citada como uma cidade que recebe com qualidade seu turista. Considerando o tamanho da cidade e a população, 05 mil habitantes, Rifaina possui toda estrutura necessária para receber seus turistas, supermercados, restaurantes, bares, pousadas, marinas e uma bela orla, que recentemente foi modernizada.



O prefeito Hugo Lourenço espera que a cidade, ao fim de seu mandato, passe de Municio de Interesse Turístico (MIT) para Estância. Essas denominações são rankeamentos utilizados pelo governo do Estado de São Paulo para qualificar quais cidades devem receber mais verbas para o setor turístico. Estância, neste caso, seria o último degrau da escala. “Já foram liberadas três obras para melhoria do turismo em nossa cidade: iluminação personalizada da entrada da cidade, sinalização turística e um restaurante no parque de exposições. Esperamos que até o final de nosso mandato possamos melhorar ainda mais nosso turismo para atingir a pontuação necessária para nos tornarmos uma Estância turística”, acrescentou o prefeito.



Na parte de serviços públicos, pode-se ver que Rifaina é uma cidade relativamente limpa, com praças arborizadas e serviços de tratamento de esgoto oferecidos pela Sabesp. A saúde, educação e segurança também são consideradas eficientes.  “O prefeito, primeiramente, deve cuidar da população. Nós proibimos que certos loteamentos fossem feitos, pois iriam aumentar a população rifainense e não teríamos estrutura para acolher este número de pessoas. O turismo é muito importante para nossa cidade, mas a prioridade é o cidadão rifainense e todas suas necessidades”, completou Hugo Lourenço.




O PPS Franca tem a expectativa de dar sequência no contato e na colaboração com a prefeitura de Rifaina e outras cidades da região.

terça-feira, 8 de agosto de 2017

Fernando Gabeira: Uma fronteira com a tirania

Incapaz de compreender seus erros internos, parte substancial da esquerda brasileira mergulha nos erros alheios e defende um regime autoritário, violento e isolado internacionalmente.

Cai ou não cai, o cara? O que é que vai acontecer por lá? As perguntas se sucedem nas ruas e não consigo respondê-las a contento. Não importa, também não há assim grande tensão nas perguntas. Se Temer cai, haverá apenas uma troca de seis por meia dúzia, parecem dizer. Todos pressentem um período medíocre, incapaz de provocar grandes paixões. Há quorum, falta quorum? Que interesse há nisso, uma vez que os deputados já fizeram suas apostas em cargos e emendas? E vão esperar um outro momento em que Temer se sinta com a corda no pescoço.
As pesquisas indicam que 81% dos entrevistados querem que a investigação sobre Temer prossiga, com todas as suas consequências. Mas essa mesma correlação de forças não se repete no Congresso. A opinião pública é refém dos eleitos, e eles se acham seguros para negociar. Ainda não se convenceram de que uma catástrofe eleitoral os espera.
Mesmo num quadro tão negativo, é possível se encontrar um certo alento. Se Dilma estivesse no governo, seria uma semana dura.
No auge de uma crise prolongada, mais de uma centenas de mortos nas ruas, a Venezuela entra numa ditadura: um fanfarrão de camisa vermelha dança “Despacito” e baixa o pau nos opositores. Pensei que a esquerda brasileira, na maré baixa, fosse mais discreta. Mas alguns dos seus partidos manifestaram seu apoio a Nicolás Maduro. Isso revela que, no fundo, o modelo bolivariano ainda a atrai. Está implícito em certas bandeiras, como no projeto de controle da imprensa.
Os projetos comuns no Brasil, como uma refinaria em Pernambuco, acabaram sendo um fardo para o Brasil. Chávez tirou o corpo fora e, no âmbito nacional, a corrupção correu solta. O governo petista mandou a Odebrecht que, para não perder a viagem, pagou US$ 9 milhões de propina à cúpula chavista, segundo a procuradora Luisa Ortega. A reeleição de Hugo Chávez contou com um decisivo apoio petista, somado à grana da Odebrecht, que, na verdade, era a grana do BNDES. Essa campanha foi narrada por João Santana e Mônica Moura e foi orçada em US$ 35 milhões.
Incapaz de compreender seus erros internos, parte substancial da esquerda brasileira mergulha nos erros alheios e defende um regime autoritário, violento e isolado internacionalmente.
O Brasil nunca seria uma Venezuela, talvez pudesse chegar perto se a crise avançasse. No entanto, a tentação de avançar nesse rumo não abandonou a esquerda e agora, com a queda de Dilma, ficou mais evidente por que o PT radicalizou.
O controle do Congresso, na base de cargos e verbas, é uma tática que se desdobra até hoje. Mas não é 100% eficaz em momentos dramáticos. O chamado controle social da mídia nunca foi palatável até para os aliados do governo petista. A única saída foi construir uma rede de apoios com blogs e guerrilha digital.
Resta outro ponto, presente na experiência da Venezuela, que jamais aconteceria no Brasil: o apoio das Forças Armadas. Sem esse apoio, o próprio Maduro já teria ido para o espaço.
Dilma pode ter sentido uma tentação de acionar os militares. Mas os sinais que vinham de lá eram desalentadores para um projeto de esquerda.
Apesar de ressaltar seus laços ideológicos e programáticos com o chavismo, no Brasil a esquerda não é protagonista no drama que se desenrola. Ela apenas é um ponto de apoio de um regime brutal. As lentes ideológicas de nada servem para tratar dos problemas que surgem com o mergulho da Venezuela numa ditadura.
Temos fronteiras comuns. Embora num nível menor do que na Colômbia, refugiados chegam em levas maiores em Pacaraima. Já temos um problema social na região. Roraima depende da energia produzida na Venezuela. Talvez seja necessário pensar em alternativas mesmo porque os constantes apagões são um aviso.
O território dos ianomâmi atravessa os dois países. Na década de 1990, chegamos a formar comissão mista Brasil-Venezuela para discutir uma política comum para os ianomâmi. Mas naquele tempo, ainda que imperfeitos, havia parlamentos com espaço para essa discussão.
Nas últimas viagens que fiz à fronteira, voltei com uma sensação de que era preciso uma avaliação do Brasil em face do novo momento. Um cenário provável é que a ditadura de Nicolás Maduro, produzindo mortes diárias, vai ser um tema global tratado na própria ONU.
No momento em grandes atores entram em cena, seria bom que o Brasil soubesse o que quer e o que precisa fazer. Caso contrário, seremos engolfados por uma política internacional sobre um tema que envolve, de uma certa forma, o nosso próprio território.
Não importa se Temer, Maia ou qualquer desses políticos assuma o comando, muito menos se o período é de desesperança. Escapamos, por exemplo, de ver um governo, em nome do Brasil, apoiar o golpe de Maduro e recitar a cantinela da solidariedade continental contra a pressão da direita. Pelo menos disso, escapamos. Agora, o resto está bravo.
*Fernando Gabeira é jornalista
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Fonte: http://www.fundacaoastrojildo.com.br/2015/2017/08/06/fernando-gabeira-uma-fronteira-com-tirania/

terça-feira, 1 de agosto de 2017

Gaudêncio Torquato,: As chances de Bolsonaro e Lula

A fatura que a República tira de seus ismos – grupismo, mandonismo, caciquismo, nepotismo, individualismo, fisiologismo – cresce exponencialmente com o acirramento da crise política, propiciando especulações e versões sobre o campeonato eleitoral de 2018. Erigem-se espaços de protagonistas no pleito e, mais, com indicação de suas possibilidades de vitória, projeções que se fazem a partir do pesquisismo – essa mania desvairada de medir posições de pré-candidatos muito antes dos eventos eleitorais.

A essa altura, já há quem veja Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva na chegada ao pódio, quando ainda não se sabe se serão candidatos ou se as circunstâncias (jurídicas, políticas, econômicas e sociais) permitirão que o sejam.
Bolsonaro só será candidato em cenário de caos político, com expansão da insegurança coletiva e clamor social por ordem nas ruas, sob slogans do tipo: “bandido na cadeia”, “bandido bom é bandido morto”.
Abandonaria alternativas mais viáveis de uma candidatura majoritária no Rio de Janeiro (governo ou senado) e mesmo a continuidade como representante na Câmara Federal por uma opção cheia de riscos?
Admitamos, porém, que entre na canoa presidencial ante a insistência da turba exigindo “basta à bandidagem”. Pela hipótese mais benevolente, sejamos realistas: tem chances mínimas de alcançar vitória. A não ser que se admita uma reviravolta nos padrões culturais e na formação do pensamento de nossas classes sociais.
A força das classes médias
Os contingentes de visão conservadora – tendentes a perfilar ao lado de perfis populistas e identificados com o “poder da bala” – estão na base da pirâmide social e, admitamos, em segmentos do próprio topo, particularmente dos extratos que ainda sonham com a volta dos militares ao poder. São pequenos enclaves radicais.
O ciclo da redemocratização oxigenou os pulmões sociais, gerando movimentos de toda a ordem – em defesa de categorias profissionais, de gêneros e minorias. Esses núcleos são comprometidos com os fundamentos democráticos tão bem pontuados na Constituição de 88. A imensa maioria eleva ao alto a bandeira da cidadania, identificando-se com o ideário das liberdades.
O espaço habitado por imensos contingentes das classes médias (A, B e C), cuja forte expressão gera impactos para cima e para baixo, é o mais largo da pirâmide social. Sua influência equivale a da pedra jogada no meio da lagoa. Forma ondas que chegam até as margens.
O leque de profissionais liberais – médicos, advogados, empresários (dos meios rural e urbano) de médio e pequeno porte, comerciantes, profissionais da comunicação etc – se destaca por ser a maior tuba de ressonância do país.
Pois bem. Essa orquestra entoa o hino progressista. Pode, até, abrigar aqui e ali um ou outro nicho mais conservador, mas suas maiores fatias defendem os avanços civilizatórios e os valores democráticos. Essa é a interpretação que se extrai da fortaleza de onde sai o tiroteio que abate conservadores, demagogos e populistas. Não há hipótese de que esse poderoso grupamento seja atraído pela metralhadora que é Jair Bolsonaro.
As chances de Lula
Da mesma forma, o rolo compressor das classes médias vencerá o bastião de Luiz Inácio, onde os exércitos militantes serão em menor número do que portaram estandartes vermelhos em 2002 e 2006. O lulismo está em decadência, seja porque seu artífice está imerso na lama do petrolão, após ter resistido ao maremoto do mensalão, seja porque o legado por ele deixado desmoronar, após a débâcle na economia perpetrada pela ex-presidente Rousseff.

Não se pode dizer, porém, que o ex-metalúrgico está nocauteado. Continuará a receber a votação da militância e de camadas das margens sociais, principalmente na região Nordeste, onde chega a obter hoje o índice de 45%. Lula é exímio na arte de mistificar. Nos fundões, é visto como o “Pai dos Pobres”.
Comporta-se como Salvador da Pátria e começa a prometer que recolocará o país no altar da grandeza, sem reconhecer o buraco aberto na economia pela era lulista. Resistirá até o último minuto da batalha judicial que tem pela frente, devendo usar os recursos jurídicos (infringentes e de declaração), caso venha a ser condenado na 2ª instância.
A condição de vítima aumentará seu quinhão de votos, mas não a ponto de fazê-lo subir ao pódio. A rejeição ao seu nome subirá ao pico da montanha.
Portanto, toda prudência se faz necessária antes os cenários eleitorais do amanhã. É muito pouco viável o encontro dos extremos, Bolsonaro e Lula, na encruzilhada eleitoral de outubro de 2018. A crise certamente acirrará os ânimos. Mas não se pense que seus efeitos serão benéficos para candidatos localizados nas extremidades do arco ideológico.
A lógica aponta que perfis menos polêmicos, mais afeitos ao diálogo e, sobretudo, não flagrados em escândalos, devem ganhar a preferência do eleitorado. A questão é: quem? Há essa figura? O fato é que não existe, pelo menos ao alcance da vista, um perfil com tal identidade. Seria um empresário? Um profissional liberal de prestígio? Um juiz? Receberia apoio partidário? Difícil.
Como se sabe, há uma regrinha básica nas eleições: o nome deve ganhar apoio de grandes partidos. Só assim a aritmética eleitoral é arrumada. O tempo de mídia é mais longo, permitindo amplo conhecimento do candidato por todos os segmentos da população.
As estruturas partidárias tendem a escolher candidatos entre seus integrantes. Mas não há lideranças capazes de construir consensos. O que se vê é a formação de alas no PMDB, PSDB, PT e em siglas menores. O individualismo impera.
Algum consenso pode se dar na esfera de siglas como Rede Sustentabilidade e PDT. Mas os nomes que apresentam, Marina Silva e Ciro Gomes, têm centímetros abaixo da estatura que se exige para uma candidatura com reais chances.
Em suma, as águas que correrão em 2018 estão longe de desembocar no oceano. Gregos e troianos vão ter de esperar muito para saber que rumo tomará a pororoca.
* Autor: Gaudêncio Torquato, jornalista, professor titular da USP, consultor político e de comunicação
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