Ex-número 1 do mundo, a tenista paulistana conquistou 19 títulos de Slam e somente ela e Gustavo Kuerten no Brasil integram o Hall da Fama do Tênis
Maior tenista da história do Brasil, reverenciada internacionalmente, ganhadora de 71 torneios, dentre eles, 19 títulos de Grand Slam, Maria Esther Bueno faleceu ontem, sexta-feira (08/06), em São Paulo, vitima de um câncer. A Bailarina do Tênis, como era conhecida devido à plasticidade e habilidade que davam graça ao seu jogo, Maria Bueno lutava contra um câncer desde o ano passado, que se iniciou no lábio e se espalhou pela garganta. Chegou apresentar melhoras, depois de passar por sessões de quimioterapia, contudo, este ano, em abril, a doença se espalhou por outros órgãos do corpo e a ex-tenista não resistiu e veio a falecer no hospital Nove de Julho, na capital paulistana, onde estava na UTI há alguns dias.
Mesmo internada e em estado grave, Maria Esther continuava lúcida e não se cansava do esporte que a fez uma lenda. Na terça-feira, inclusive, assistiu ao jogo entre o sérvio Novak Djokovic e o italiano Marco Cecchinato pelas quartas de final de Roland Garros. Essa paixão pelo tênis, que levou até a morte, se iniciou ainda menina, no Clube de Regatas Tietê, na zona norte de São Paulo, na companhia do irmão mais velho, Pedro. Em 1954, com 14 anos, foi então que a tenista começou a mostrar seu potencial ao ganhar vários torneios pelo Brasil contra adversárias mais velhas.
Sua habilidade e capacidade foram realmente comprovadas três anos mais tarde, em 1957, quando conquistou na Flórida, o Orange Bowl, o torneio internacional mais importante do circuito juvenil. A curiosidade é que Maria Bueno, apenas conseguiu competir este torneio devido à doação de uma passagem pelo clube do Tietê. Este fato foi apenas uma das dificuldades encontradas pela tenista ao longo de sua trajetória no esporte. Modalidade de pouca projeção no Brasil, considerado um esporte da elite econômica, e dentro de uma realidade patriarcal e machista, o tênis não foi uma escolha fácil para Maria Bueno, que até hoje é desconhecida por boa parte da população brasileira.
Embora enfrentasse todas essas dificuldades inerentes ao esporte e a vida, Maria se profissionalizou em 1958, e já no ano seguinte, com apenas 19 anos, conseguiu um dos maiores feitos de sua carreira, ganhar o maior importante torneio do circuito do tênis, Wimbledon, “a grama sagrada”, na Inglaterra. O torneio inglês integra o grupo de quatro Slans que ocorrem anualmente, Australian Open, Roland Garros (França), Wimbledon e US Open. Destes torneios ela somou 19 títulos, entre simples e duplas, o que a levou ao posto de número 01 do mundo em 1959, 1964 e 1966. Todos estes feitos a levaram para o Hall da Fama do Tênis em 1978, honra que somente ela e Gustavo Kuerten (Guga), tricampeão de Roland Garros, tiveram na história do tênis brasileiro.
Já na velhice Maria Esther Bueno nunca deixou de praticar o esporte e de viver por ele. Até poucos meses atrás era comentarista pelo canal pago, SporTV, onde começou em 2006. Mesmo o câncer não a tirou das quadras de tênis, logo após breve melhora da doença, ela voltou a praticar a modalidade no inicio deste ano, foi quando começou a sentir dores nas costas. Pensando se tratar de um problema na coluna procurou um médico que, infelizmente, diagnosticou que o câncer iniciado no lábio havia se espalhado por outras partes do corpo. Bueno optou por não fazer mais quimioterapia e vinha se tratando com imunoterapia. Seu quadro se agravou nos últimos dias e ontem o Brasil perdeu uma das maiores esportistas da história, com feitos comparáveis aos de Pelé e Senna, mas nem de longe valorizada como eles. Uma pena!
Nenhum comentário:
Postar um comentário