sexta-feira, 27 de outubro de 2017

FAP e Verbena Editora lançam O impeachment de Dilma Rousseff – Crônicas de uma queda anunciada, nesta terça (31/10), em Brasília

Livro do jornalista Luiz Carlos Azedo faz uma análise refinada de um dos períodos mais conturbados da história democrática do nosso país
Por Germano Martiniano

Na próxima terça feira (31), a Fundação Astrojildo Pereira (FAP) em parceria com a Verbena Editora farão o lançamento do livro “O impeachment de Dilma Rousseff – Crônicas de uma queda anunciada”, de autoria do jornalista Luiz Carlos Azedo, colunista político dos jornais Correio Braziliense e Estado de Minas. O evento, que acontecerá em Brasília, no restaurante Carpe Diem, SCLS 104, Bloco D, Loja 1, Asa Sul, das 19 às 22h, terá sessão de autógrafos com o autor.
Com longa experiência na cobertura da política nacional na capital federal, o autor, a partir das colunas publicadas nos dois jornais de amplitude nacional, faz uma análise refinada de um dos períodos mais conturbados da história democrática do nosso país. São textos que mostram o desmanche do governo petista, a reação palaciana, as implicações da Operação Lava-Jato no governo petista, os efeitos colaterais da saída de Dilma Rousseff e os novos cenários enfrentados pelo país com o governo Temer.
Segundo Alberto Aggio, historiador e professor titular da UNESP, no prefácio do livro, “as crônicas que o leitor tem em mãos são uma análise refinada, concebida no calor da hora, que faz jus ao melhor do jornalismo político. Reler o impeachment de Dilma Rousseff pelas letras de Azedo ajuda a repensar esse processo tão cheio de controvérsias, mas que está longe de ser algo injusto ou despropositado. O país soube enfrentar aquela situação dramática e o fez democraticamente”.
Em entrevista para o portal da FAP, Luiz Carlos Azedo comentou sobre de onde veio à iniciativa de se fazer o livro, a atual situação de Temer e a expectativa de renovação política para as eleições presidenciais em 2018. Confira, a seguir, trechos da entrevista:
FAP: De onde veio a iniciativa de reunir essas crônicas em um livro?
Azedo: Alguns companheiros, como o Francisco Almeida e o Alberto Aggio, vinham insistindo muito em reunir minhas crônicas e análises políticas num livro sobre o impeachment da Dilma Rousseff. Diziam que eu havia feito uma boa cobertura. Mas demorei pra reunir as colunas, não tinha muita certeza. Depois de uma viagem a Portugal, o Aggio me falou que o livro estava fazendo falta, porque a narrativa do golpe havia colado no exterior e era preciso algo que explicasse o que realmente aconteceu. A Hercídia, esposa do Aggio, se ofereceu para selecionar e organizar os textos, aí o livro saiu.
FAP: No seu livro você conta todas as etapas do processo de impeachment de Dilma. Por que Temer não caiu como a presidente do PT?
Azedo: Temer não caiu porque a ação contra a chapa Dilma-Temer foi empurrada com a barriga e arquivada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Se Dilma fosse presidente ainda, talvez isso não acontecesse com a máxima vênia. O julgamento foi claramente político, a chapa foi absolvida por “excesso de provas”. Na Presidência, Temer demonstrou capacidade de manter um mínimo de apoio no Congresso, ao contrário do que aconteceu com Dilma Rousseff. A votação dessa semana foi o quarto teste de fogo, se considerarmos as votações do impeachment na Câmara e no Senado e a primeira denúncia contra ele. Mas o governo saiu enfraquecido, ele ficou mais desgastado e a sociedade com mais ojeriza à política.
FAP: Mesmo que Temer não caia, hoje ele faz política de sobrevivência. As reformas que o país necessitava ficaram para segundo plano? Será assim até o final de seu mandato em 2018?
Azedo: Há uma necessidade objetiva em relação ás reformas, da Previdência, inclusive. As dificuldades para fazê-las variam de acordo com o grau de interesses contrariados dos estamentos superiores da sociedade, principalmente das corporações do chamado “poder instalado” e da elite política. Reformas que atingem de forma generalizada o povão são mais fáceis de serem aprovadas, porque não existe um loby concentrado no Congresso contra elas. Por exemplo, que as políticas públicas de saúde e a educação sofrem diversos lobbies, os mais fortes são das empresas de seguro, laboratórios, de um lado, grandes redes de ensino e grandes editoras, de outro; quem depende na educação e da saúde pública, porém, não têm meios de defender seus interesses no Congresso com a mesma eficiência. É preciso que partidos comprometidos com o bem comum, como o PPS, o façam. Quanto mais concentrado o interesse, mais eficiente é o lobby; quando mais difuso, mas difícil defendê-los. Veja a eficiência dos ruralistas e da bancada da bala! 
FAP: Você acredita que para 2018 poderemos ter algum nome, de fato, que realize as mudanças que o Brasil necessita?
Azedo: Lula e Bolsonaro exploram o metro recíproco da sociedade, é quase uma estratégia combinada, boa para ambos chegarem ao segundo turno. Mas não acho que isso vá acontecer. O medo de retrocesso, seja em relação ao populismo, seja em relação à democracia, predominará. O problema é que ambos estão se fortalecendo à sombra das denúncias contra o governo Temer e o envolvimento de seus principais integrantes em escândalos, inclusive o próprio presidente. A grande ironia é que a antiga oposição, que agora faz parte do sistema de poder instalado a partir do Palácio do Planalto, não somente perdeu o discurso da ética, como se coloca agora contra a Lava-jato, o que é um desastre. Por essa razão, o nome capaz de criar um novo polo e rearticular o chamado centro democrático precisa ter mais identidade com os anseios da sociedade, ou, se articular coma a oposição que permaneceu nas redes sociais e não foi cooptada pelas estruturas viciadas de poder. Essa é minha opinião, por isso acho mais inteligente o PPS lançar a candidatura de Cristovam e buscar essa interlocução do que ficar defendendo um governo que se esgotou e está com a sobrevivência garantida até as eleições, apesar da impopularidade. No mínimo, qualificará o debate e criará um campo de atração para pessoas que desejam participar da política e renová-la num partido sério, que passou por todas as situações que o país já viveu, desde a República Velha e que não se furtou a enfrentar os novos desafios do mundo, tanto que mudou de nome e abandonou a foice e o martelo.  Não haverá impeachment, nem golpe militar, por uma razão muito simples: a economia está melhorando e as eleições estão logo ali. Mas não devemos subestimar a crise ética, o governo Temer não vai se tornar popular, vai se arrastar até a posse do novo presidente eleito.
Informações do evento:

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